quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Nas garras do Destino

Do fundo da noite que me envolve
Escura como o inferno de ponta a ponta
Agradeço a qualquer deus,
Pela minha alma inconquistavel.


Nas garras do destino
Eu nao estremeci, nem chorei em voz alta
Sob as pancadas do acaso,
Minha cabeça esta ensanguentada, mas nao curvada.


Alem deste lugar de ira e de lagrimas,
So se percebe o terror das trevas
E ainda assim, o tempo,
Encontra-me, e me encontrará destemido.


Nao importa quao estreito o portao,
Nem quao pesados os ensinamentos,
Sou o mestre do meu destino,
Sou o capitao da minha alma.


William Ernest Henley



Sentimento e futebol - publicado em Março 2009

Há amores assim
A frase é roubada ao título de um tema dos "Donna Maria", mas o seu espírito aplica-se na perfeição à peculiar relação entre Mantorras e os adeptos encarnados. Lembro-me bem das portentosas exibições que realizou ante Benfica e Sporting, ainda com a camisola do Alverca, da forma como, ainda na qualidade de adversário, despertou as mais carinhosas reacções nas bancadas da antiga Luz, e do imenso potencial que o seu poderoso físico encerrava. Acompanhei, então, o infortúnio e o cruel impacto que as lesões tiveram numa carreira que ameaçava escancarar as portas da imortalidade. Hoje, limitado pelo destino a ser uma sombra do que prometeu, Pedro continua a ser um fenómeno ímpar. A lenda criada em torno do seu talento, alimentada pela participação esporádica, mas fundamental, na conquista do último título das águias - 2004/05 - teima em subsistir: Quique reconheceu-o e não subestimou o choque anímico que a presença do número 9 garante. Por isso, a aquecer ou a jogar, socorre-se de Mantorras para despertar as bancadas quando o Benfica joga em casa...

JEAN-PAUL LARES
in jornal "ojogo", edição 5 Março 2009

A antítese do espectáculo - publicado em Agosto 2009

Como é possível alimentar o futebol sem dinheiro? Como é possível alimentar o dinheiro sem adeptos que potenciem toda uma enorme industria quase imperceptível? Como é possível alimentar os adeptos sem bom futebol? Como é possível alimentar o futebol portuguêsquando os ditos clubes pequenos agem como meras cadeiras cinzentas, apáticas e empoeiradas dum autocarro do século passado?

Após a primeira jornada do campeonato na qual o Benfica empatou com o Maritimo, salta-me à vista um aspecto recorrente do futebol dos "pequenos" que se defrontam com os "gigantes", ou melhor, um aspecto que vira tactica cumprida a risca, a tactica do autocarro e anti jogo!

A táctica do autocarro é a maior antítese de bom futebol que pode haver; juntar tal acto de anti jogo a quedas sem nexo e fitas prolongadas no chao faz o clube parecer ainda mais pequeno!

A mentalidade dos nossos treinadores e jogadores que, obcecados pelo pontinho amealhavel na liga dos grandes (sim, porque para eles o campeonato é outro; Benfica, Porto e Sporting devem ser 6 jogos em outra divisão e, como tal, encarados de forma diferente!...), colocam em campo os seus pupilos a praticarem algo como.... como... a designação deveria ser futebol mas não encontro outra palavra que melhor defina o conjunto de 11 jogadores atrás da linha de meio campo cuja unica preocupação é despachar a bola; 2 velocistas e bola para a frente, bem ao estilo da batata quente!

Preocupados com a ginástica pontual e, diria, preocupados tambémcom a eventual avença com o teatro aberto e a arte de bem fingir; ao estilo de Shakespeare se atiram e rebolam tal como cães bem treinados pelo manto verde do estadio da luz!

Um grandioso numero 10 referia, em entrevista, que os jogadores, por elevada ileteracia, não deveriam ler as suas análises na imprensa, fossem elas muito positivas ou o oposto; Eu hoje chamaria e adjectivaria os jogadores do maritimo e o seu treinador (e os seguidores desta tactica de elevado cariz tecnico-tactico) de cobardes, fracos, mesquinhos, sem ambição, amorfos, amadores,medrosos e egoístas...
Sim, porque se querem evoluir, se querem fazer crescer o futebolportuguês, se querem acabar com hegemonias, se querem receitas e pessoas nos estádiosteem que proporcionar retorno ao publico que paga para os ver!

Oxala fira orgulhos, oxala abane algumas mentes! Oxala seja um pequeno passo para que no proximo jogo se batam de Homem para Homem, de jogador para jogador, que procurem a glória em vez de pensarem demasiado tempo na penumbra, na premissa de inferiores!

O futebol português agradece profundamente! Eu também!



Bruno de Mendonça Placido

Da inconsequencia às grandes consequencias! Assim reza Hulk - Escrito em 2009 e publicado outrora em futeboldebatido.blogspot

As palavras do dicionario ja começam a escassear para descrever um jogador da dimensao do Hulk! Tudo parece gasto, todos os adjectivos ja parecem banais... A elite da Europa espera-o! Nao verde, mas ja um jogador feito! Assim reza Hulk...
Bola no pé, finta na cabeça, parte Hulk para cima dum adversario.
Perde a bola; volta à mesma receita: bola no pe para cima do adversario... inconsequente, perde o esférico!


Foi assim que conheci Hulk, foi assim que Portugal o conheceu. Talvez do outro lado do planeta, na terra do sol nascente, o sol tivesse um nome de banda desenhada.


Jogador outrora adjectivado de inconsequente, é hoje alvo de outros tantos adjectivos bem mais agradaveis!

Do futebol egoista, precipitado, inconsequente, renasceu um outro futebol; um futebol decisivo e entusiasmante, capaz de suscitar no adepto do verdadeiro futebol uma sensação de admiraçao,estupefacção até, ou mesmo uma inveja contida e, quiça, demonstrativa do diamante que se observa!
Diria, uma pedra preciosa, igual àquela que o verdadeiro artista assiste, paciente, à melhor modelação.



Assim vejo Hulk! Personagem de banda desenhada, ela também alvo de transformações e mutações que a transformam num ser temivel!

Assim verei di maria; assim aguardo paciente!


O futebol agradece. Eu também!



Bruno de Mendonça Placido