segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Esta na hora

"Quem quiser nascer tem que destruir um mundo; destruir no sentido de romper com o passado e com as tradições já mortas, de desvincular-se do meio excessivamente cómodo e seguro da infancia para a consequente dolorosa busca da própria razão do existir: ser é ousar ser."

                                                      (Numa final de tarde em S.Julião)

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Breves dissertações - Agora para Sempre

Dias que nao sao dias... Mas tambem existem dias que constroem vidas. 

Nunca vos aconteceu terem dias em que estão demasiado preocupados, demasiado entregues ao que a vossa cabeça tem para dizer, demasiado estagnados com as preocupaçoes que a vida vos coloca no caminho. Dias esses em que vos apetece sair fora, deixar tudo, abandonar o barco, colocarem-se sob as asas de alguem, mesmo que esse alguem seja algo ou alguem que nunca conseguiram nem nunca conseguirão decifrar...Porque o alguem tem tantas faces e nós, exigentes, exigimos logo outra bem diferente, na tentação de nos agradar, de nos trazer algo diferente.

Ou, por exemplo, vir para a rua gritar bem alto, chegar à varanda e contemplar algo ou alguem; fazer ou deixar de fazer;as vezes sao tantas as duvidas no momento, que nos perdemos em pensamentos, perdemo-nos em ideias, perdemo-nos em ilusoes dum futuro imprevisto mas muito imaginado, construido, quase desenhado a regra e esquadro pela nossa criativa e, as vezes, cruel mente.


Ha dias e dias...momentos e momentos. Como tudo muda de um momento para o outro, nao o sei...mas creio que tambem mais ninguem o sabera....


Se calhar o que nos impele a permanecer, a continuar a lutar, a aguentar as ideias, vergar pensamentos e seguir em frente é a nossa crença que tudo mudará.
Às vezes, tao de repente como tudo chega, como o barco que vai à pesca e traz a rede carregada de bom peixe de alto mar, no meio da noite, sem ninguem dar por ele.... talvez so uma pequena luz o indique...tao pequena que as vezes é preciso ser muito perspicaz, muito atento para a perceber e antecipar.
 
Escrevo por estar muito contente, por ter o privilegio de ter muitas luzes, de ter gente que comigo, qual bom farol, partilha e vive os momentos com outras criações, outros pensamentos que, na altura, nos parecem mais longinquos, distantes, mas nunca desconhecidos!

O futuro é tao somente uma ilusao e o presente, esse, vitorioso e à mercê de ser consumido, vivido e degustado.
Afinal foi tao melhor!! Afinal, nao é assim sempre?!

Sabe tao bem.

Bruno de Mendonça Placido

Breves dissertações - Mestria de Vida

"A tolerância é uma das características mais sofisticadas e difíceis de ser incorporada na personalidade.
É mais fácil adquirir cultura do que aprender a ser tolerante. Uma pessoa tolerante é compreensiva,
aberta e paciente. Já a intolerante é rígida, implacável, tanto com os outros como consigo mesma.

Cristo era contra a pratica do coitadismo. Rejeitava ate mesmo qualquer tipo de sentimento de dó que as pessoas tivessem em relação a ele. A sua humildade e simplicidade eram conscientes. Ele nao queria formar homens dignos de dó, mas homens lúcidos, seguros e coerentes."
                                              Augusto Cury, "O mestre dos mestres"

Durante, talvez, toda a minha infancia deparei-me inumeras vezes, com o pensamento que ser humilde, que tomar a atitude certa, que ouvir as palavras que a consciencia (na altura seria uma voz distante mas aconchegante, acolhedora mas igualmente directiva) nos diz ao ouvido e nos encaminha; que tudo isto seria algo condenavel.  Algo determinado e ponderado, logo criado, conscientemente. 

Que o agir consciente que estava a fazer o certo não seria o mais recomendavel. Ouvia e via os outros, e as grandes aitudes pareciam-me inconscientes, repentinas...não pensadas.
Cada vez mais entendo e muito gracas ao que aprendo e leio, vejo e o que me ensinam (abençoados mestres da minha vida), que expressões como a descrita acima, não constituem qualquer problema.

Que, de facto, agir de acordo com a consciencia me encanta e me preenche, que o espontaneo tem, primeiramente, que ser treinado, para da repeticao se criar a rotina desejada.
Para assim incorporar no corpo animal os valores que me ocorriam em pensamentos.


Bruno de Mendonça Placido

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Nas garras do Destino

Do fundo da noite que me envolve
Escura como o inferno de ponta a ponta
Agradeço a qualquer deus,
Pela minha alma inconquistavel.


Nas garras do destino
Eu nao estremeci, nem chorei em voz alta
Sob as pancadas do acaso,
Minha cabeça esta ensanguentada, mas nao curvada.


Alem deste lugar de ira e de lagrimas,
So se percebe o terror das trevas
E ainda assim, o tempo,
Encontra-me, e me encontrará destemido.


Nao importa quao estreito o portao,
Nem quao pesados os ensinamentos,
Sou o mestre do meu destino,
Sou o capitao da minha alma.


William Ernest Henley



Sentimento e futebol - publicado em Março 2009

Há amores assim
A frase é roubada ao título de um tema dos "Donna Maria", mas o seu espírito aplica-se na perfeição à peculiar relação entre Mantorras e os adeptos encarnados. Lembro-me bem das portentosas exibições que realizou ante Benfica e Sporting, ainda com a camisola do Alverca, da forma como, ainda na qualidade de adversário, despertou as mais carinhosas reacções nas bancadas da antiga Luz, e do imenso potencial que o seu poderoso físico encerrava. Acompanhei, então, o infortúnio e o cruel impacto que as lesões tiveram numa carreira que ameaçava escancarar as portas da imortalidade. Hoje, limitado pelo destino a ser uma sombra do que prometeu, Pedro continua a ser um fenómeno ímpar. A lenda criada em torno do seu talento, alimentada pela participação esporádica, mas fundamental, na conquista do último título das águias - 2004/05 - teima em subsistir: Quique reconheceu-o e não subestimou o choque anímico que a presença do número 9 garante. Por isso, a aquecer ou a jogar, socorre-se de Mantorras para despertar as bancadas quando o Benfica joga em casa...

JEAN-PAUL LARES
in jornal "ojogo", edição 5 Março 2009

A antítese do espectáculo - publicado em Agosto 2009

Como é possível alimentar o futebol sem dinheiro? Como é possível alimentar o dinheiro sem adeptos que potenciem toda uma enorme industria quase imperceptível? Como é possível alimentar os adeptos sem bom futebol? Como é possível alimentar o futebol portuguêsquando os ditos clubes pequenos agem como meras cadeiras cinzentas, apáticas e empoeiradas dum autocarro do século passado?

Após a primeira jornada do campeonato na qual o Benfica empatou com o Maritimo, salta-me à vista um aspecto recorrente do futebol dos "pequenos" que se defrontam com os "gigantes", ou melhor, um aspecto que vira tactica cumprida a risca, a tactica do autocarro e anti jogo!

A táctica do autocarro é a maior antítese de bom futebol que pode haver; juntar tal acto de anti jogo a quedas sem nexo e fitas prolongadas no chao faz o clube parecer ainda mais pequeno!

A mentalidade dos nossos treinadores e jogadores que, obcecados pelo pontinho amealhavel na liga dos grandes (sim, porque para eles o campeonato é outro; Benfica, Porto e Sporting devem ser 6 jogos em outra divisão e, como tal, encarados de forma diferente!...), colocam em campo os seus pupilos a praticarem algo como.... como... a designação deveria ser futebol mas não encontro outra palavra que melhor defina o conjunto de 11 jogadores atrás da linha de meio campo cuja unica preocupação é despachar a bola; 2 velocistas e bola para a frente, bem ao estilo da batata quente!

Preocupados com a ginástica pontual e, diria, preocupados tambémcom a eventual avença com o teatro aberto e a arte de bem fingir; ao estilo de Shakespeare se atiram e rebolam tal como cães bem treinados pelo manto verde do estadio da luz!

Um grandioso numero 10 referia, em entrevista, que os jogadores, por elevada ileteracia, não deveriam ler as suas análises na imprensa, fossem elas muito positivas ou o oposto; Eu hoje chamaria e adjectivaria os jogadores do maritimo e o seu treinador (e os seguidores desta tactica de elevado cariz tecnico-tactico) de cobardes, fracos, mesquinhos, sem ambição, amorfos, amadores,medrosos e egoístas...
Sim, porque se querem evoluir, se querem fazer crescer o futebolportuguês, se querem acabar com hegemonias, se querem receitas e pessoas nos estádiosteem que proporcionar retorno ao publico que paga para os ver!

Oxala fira orgulhos, oxala abane algumas mentes! Oxala seja um pequeno passo para que no proximo jogo se batam de Homem para Homem, de jogador para jogador, que procurem a glória em vez de pensarem demasiado tempo na penumbra, na premissa de inferiores!

O futebol português agradece profundamente! Eu também!



Bruno de Mendonça Placido